Tecido epitelial
O tecido epitelial é uma das quatro principais classes de tecidos encontrados no corpo humano, sendo fundamental para a composição dos órgãos e sistemas. Esse tecido é caracterizado por sua organização em camadas de células especializadas, que revestem tanto as superfícies externas como as cavidades internas do organismo. A palavra "epitelial" deriva do grego "epi", que significa "sobre", e "thelos", que se traduz como "mamilo" ou "papila", indicando sua posição de cobertura. Dada a sua ampla distribuição pelo corpo, o tecido epitelial desempenha diversas funções essenciais para a sobrevivência e o correto funcionamento do organismo. Além de atuar como uma barreira física, protegendo contra agentes externos, ele desempenha papéis cruciais na absorção de nutrientes, secreção de substâncias, excreção de resíduos metabólicos e até mesmo na percepção sensorial. A organização e características do tecido epitelial variam de acordo com a sua localização e função específica, levando à classificação em diferentes tipos, como epitélio de revestimento, epitélio glandular e epitélio sensorial.
O que é o tecido epitelial e qual é a sua principal função no corpo humano?
Quais são as principais características estruturais que distinguem o tecido epitelial de outros tipos de tecidos?
Explique a classificação do tecido epitelial com base na forma das células e na quantidade de camadas celulares presentes.
Cite três exemplos de locais no corpo onde encontramos o tecido epitelial de revestimento e descreva as funções específicas desse tipo de epitélio em cada local.
O que é um epitélio glandular e como ele se diferencia do epitélio de revestimento em termos de função e organização celular?
Quais são os principais distúrbios ou doenças relacionadas ao tecido epitelial e como eles podem afetar a saúde e o funcionamento do organismo?
Características gerais do epitelio
O tecido epitelial, também conhecido como epitélio, reveste tanto o corpo humano (e a maioria dos animais) quanto as cavidades internas, além de formar as glândulas. Um tecido não é composto apenas por células, mas também pela substância intercelular (ou matriz extracelular) fabricada por elas. Essa substância pode funcionar apenas como ligação entre as células ou desempenhar um papel importante na função do tecido. Adicionalmente, nos tecidos animais, há o líquido intersticial, que sai dos vasos sanguíneos e tem a função de transportar nutrientes, oxigênio e hormônios para o tecido, além de remover o dióxido de carbono e os resíduos do metabolismo.
As células do tecido epitelial estão estreitamente unidas, com pouca quantidade de substância intercelular entre elas. Essa substância é formada apenas pela cobertura de glicoproteínas das células animais, conhecida como glicocálice. Com poucas exceções, esse tecido não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelo tecido conjuntivo subjacente. Em geral, apresenta terminações nervosas sensíveis a estímulos.
Epitelio de revestimento
Esse tipo de tecido epitelial reveste o corpo e suas cavidades (tubo digestório e sistemas respiratório e urinário), protegendo o organismo contra atritos, invasão de microrganismos e evaporação. Além disso, atua na absorção de alimentos e oxigênio.
Quase todos os epitélios possuem, na superfície de contato com o tecido conjuntivo, uma região formada por glicoproteínas (fabricadas pelas células epiteliais) e fibras de proteína (fabricadas pelo tecido conjuntivo). Essa região, chamada lâmina basal, promove a adesão entre os dois tecidos.
O tecido epitelial pode ser formado por uma camada de células - epitélio simples - ou por várias camadas - epitélio estratificado. Às vezes, aparece um tecido constituído por uma camada de células com núcleos em alturas diferentes, aparentando formar várias camadas. Esse tecido é chamado pseudoestratificado (pseudos = falso). Quanto mais espesso for o epitélio, melhor será sua capacidade protetora; quanto mais fino, melhor a capacidade de absorção.
As células da superfície do tecido apresentam formas variadas. Podem ser cúbicas, cilíndricas ou achatadas, o que permite classificar os epitélios, respectivamente, em cúbicos, prismáticos, também chamados cilíndricos, e pavimentosos (ou escamosos). Há ainda o epitélio de transição, encontrado na bexiga urinária, cujas células mudam de forma conforme o grau de distensão da bexiga .
A origem embrionária do tecido epitelial depende de sua localização no corpo. A epiderme, que reveste externamente o corpo, origina-se da ectoderme; o epitélio que reveste o tubo digestório e o sistema respiratório origina-se da endoderme; o epitélio que reveste os vasos sanguíneos (endotélio) e as membranas que envolvem os pulmões (pleura), o coração (pericárdio), o estômago e o intestino (peritônio) originam-se da mesoderme.
Epitélios que revestem cavidades
O epitélio do intestino delgado, por exemplo, é constituído por uma camada simples de células cilíndricas, o que lhe permite executar sua principal função: absorver nutrientes. Por isso, essas células possuem dobras - as microvilosidades ou microvilos (estudadas no capítulo 8) - que aumentam a área de absorção do alimento. Nesse caso, a proteção do organismo contra o atrito é feita por muco, uma secreção viscosa formada por glicoproteínas e produzida por células especiais - as células caliciformes - encontradas em vários órgãos.
O muco é também produzido no epitélio pseudoestratificado cilíndrico que reveste as vias respiratórias. As partículas de poeira e as bactérias presentes no ar inalado durante a respiração ficam grudadas no muco, que contém também enzimas capazes de degradar bactérias. Posteriormente, são expulsas do organismo por meio de prolongamentos finos chamados cílios, encontrados nas células cilíndricas desse tecido.
Epiderme
A epiderme é um epitélio estratificado pavimentoso que reveste externamente o corpo. Em conjunto com o tecido conjuntivo subjacente, chamado derme, ela forma o maior órgão do corpo, a pele, com cerca de 2 m2 de área e 0,5 mm a 4 mm de espessura.
A epiderme desempenha um papel fundamental como a primeira linha de defesa do corpo, protegendo o organismo contra a penetração de agentes estranhos e o desgaste causado pelo atrito. Sua eficiência nessa função se deve ao grande número de camadas de células superpostas que a constituem, o que a classifica como tecido epitelial estratificado.
As células da camada mais profunda (estrato basal ou camada germinativa) dividem-se constantemente, substituindo as células superficiais que se desgastam. Estas células possuem forma achatada e são conhecidas como células pavimentosas. Nos vertebrados terrestres (répteis, aves e mamíferos), elas produzem uma proteína impermeável chamada queratina. Após acumular uma quantidade suficiente de queratina em seu citoplasma, essas células morrem e formam uma camada impermeabilizante (estrato córneo ou camada córnea) que protege o corpo e evita a desidratação, uma ameaça constante aos animais terrestres.
Nas camadas profundas da epiderme, encontram-se os melanócitos, células que produzem o pigmento melanina, responsável pela cor da pele e por sua proteção contra o excesso de raios ultravioleta; quanto mais melanina, maior a proteção. A exposição ao sol aumenta a produção de melanina na pele. As sardas, por exemplo, são o resultado de um acúmulo de melanina em certos pontos da pele.
Epitelio de secreção
As glândulas são estruturas formadas por agrupamentos de células epiteliais que se multiplicam e penetram no tecido conjuntivo subjacente. O tecido epitelial glandular é especializado na produção de secreções, substâncias que serão usadas em outras regiões do corpo. Existem três tipos de glândulas: exócrinas, endócrinas e mistas.
Glândulas exócrinas: As glândulas que eliminam substâncias para fora do organismo ou em cavidades abertas são chamadas exócrinas ou de secreção externa. Entre as células dessas glândulas, há uma cavidade que funciona como canal ou ducto, através do qual as substâncias são lançadas. Exemplos incluem as glândulas sudoríferas (sudoríparas), sebáceas, lacrimais, salivares e mamárias. As glândulas sudoríferas produzem uma solução salina diluída que, pela evaporação, colabora para diminuir a temperatura do corpo. As glândulas sebáceas secretam lipídios que diminuem o ressecamento da pele e dos pelos. Na maioria dos casos, a célula que elimina seu produto permanece intacta, mas nas glândulas sebáceas, a secreção é formada pela própria célula, que acumula sua secreção, morre e é eliminada. As células remanescentes dividem-se, regenerando a parte eliminada. Por isso, as glândulas sebáceas são chamadas holócrinas, e as outras, que eliminam apenas a secreção sem provocar a morte da célula, são chamadas merócrinas.
Glândulas endócrinas: Quando lançam substâncias na corrente sanguínea, a glândula é dita endócrina (endon = para dentro) ou de secreção interna. Nessas glândulas, o cordão de células que realiza a comunicação da glândula com o exterior desaparece, restando apenas as células mais profundas, que lançam a secreção, chamada hormônio, no sangue. Isso ocorre, por exemplo, com a hipófise, a glândula tireoide, as glândulas paratireoides, as glândulas adrenais, os testículos e os ovários.
Glândulas mistas: Também denominadas mesócrinas, as glândulas mistas lançam suas secreções tanto no sangue como em cavidades abertas. O melhor exemplo é o pâncreas, que lança no intestino delgado o suco pancreático e, no sangue, a insulina e o glucagon, hormônios que controlam a taxa de açúcar no sangue.