Plantae
Existem várias semelhanças entre as plantas e as algas verdes, como a presença de parede celular composta de celulose, a reserva de amido, as clorofilas a e b, entre outras características. No entanto, uma diferença importante entre as plantas e as algas é que o embrião das plantas é protegido por uma camada de células durante as fases iniciais de seu desenvolvimento. Geralmente, usamos o termo "plantas terrestres" para nos referirmos às plantas, excluindo as algas. Adotaremos o termo "plantas" especificamente para se referir às plantas terrestres. Essa terminologia é aplicada mesmo às plantas aquáticas, uma vez que todas elas têm ancestralidade terrestre.
As plantas são organismos eucariontes, pluricelulares e autotróficos fotossintéticos. Suas células possuem uma parede celular rígida composta principalmente de celulose e contêm cloroplastos com clorofila a, clorofila b e outros pigmentos que absorvem a energia luminosa.
A organização do corpo das plantas é substancialmente diferente da dos animais, com a maioria das diferenças representando adaptações ao modo de vida autotrófico. Ao contrário dos animais, o processo evolutivo nas plantas não levou ao desenvolvimento de músculos, sistema nervoso, órgãos dos sentidos ou corpos compactos, já que as plantas não dependem do movimento para adquirir nutrientes (água, sais e gás carbônico) e energia (luz). Pelo contrário, as plantas beneficiam-se de uma alta relação entre superfície e volume, o que facilita a absorção de nutrientes e energia.
Em geral, o ambiente terrestre oferece mais luz do que a água, que absorve parte da energia luminosa. Além disso, a concentração de dióxido de carbono e oxigênio, fundamentais para a fotossíntese e a respiração, é mais elevada no ar do que na água. Essas condições possibilitaram a sobrevivência das primeiras plantas terrestres.
Por outro lado, na água, o gás carbônico e os sais minerais estão disponíveis em contato direto com todas as partes das algas. As plantas terrestres, no entanto, precisam extrair água e sais minerais do solo, que carece de luz para a fotossíntese.
Além desses desafios, as plantas terrestres enfrentam riscos de desidratação, suporte deficiente do corpo em comparação com a água e a necessidade de resistir à chuva e ao vento. Portanto, ao longo da evolução das plantas terrestres, o desenvolvimento de tecidos de sustentação e de estruturas protetoras contra a desidratação desempenhou um papel crucial.
Ao estudar a reprodução das plantas, também encontramos outras adaptações ao ambiente terrestre, como a produção de esporos com paredes resistentes à desidratação e o desenvolvimento inicial do embrião em estruturas protetoras. Essas características permitiram a dispersão das plantas por todo o planeta.
Algumas plantas, como as briófitas, são pequenas e não possuem vasos condutores para transportar água, sais minerais e substâncias orgânicas para as células, sendo assim chamadas de avasculares. Devido ao seu tamanho reduzido, o transporte nessas plantas pode ocorrer por difusão, de uma célula para outra.
No entanto, a maioria das plantas terrestres apresenta vasos condutores e, portanto, são chamadas de vasculares ou traqueófitas. A presença desses vasos condutores permitiu que essas plantas atingissem tamanhos maiores, uma vez que os nutrientes se difundem muito mais lentamente através das células, limitando o crescimento.
Os vasos condutores que transportam água e sais minerais da raiz para as folhas são chamados de vasos lenhosos, e o conjunto desses vasos e outros tecidos associados a eles é chamado de lenho ou xilema. Por outro lado, as substâncias orgânicas produzidas nas folhas (seiva elaborada) são transportadas por vasos liberianos, e o conjunto desses vasos e tecidos relacionados forma o líber ou floema.
No grupo das pteridófitas, encontramos as primeiras plantas vasculares, embora elas não produzam flores nem sementes. A partir dessas plantas, surgiram as primeiras plantas com sementes, chamadas de espermatófitas ou espermatas. A semente ofereceu vantagens significativas, como proteção do embrião contra a perda de água (um desafio constante no ambiente terrestre) e auxílio na dispersão da planta.
As espermatófitas são divididas em dois grupos: as gimnospermas e as angiospermas. As gimnospermas não produzem frutos e são representadas por árvores como os pinheiros, enquanto a maioria das plantas pertence ao grupo das angiospermas, que possuem flores e frutos.
Também são utilizados os termos "criptógamas" para descrever plantas com estruturas reprodutivas pouco visíveis e "fanerógamas" (phanerós = aparente) para aquelas com estruturas reprodutivas bem visíveis. Nesse sentido, gimnospermas e angiospermas são classificadas como fanerógamas, enquanto outras plantas são classificadas como criptógamas.
Outra característica notável das plantas terrestres é que o desenvolvimento inicial do embrião ocorre dentro do corpo da planta, proporcionando-lhe maior proteção. Por esse motivo, as plantas terrestres também são conhecidas como embriófitas.
O ciclo de reprodução das plantas reflete, de certa forma, sua falta de mobilidade. Frequentemente, a reprodução assexuada ocorre por meio da propagação de partes do caule, galhos ou folhas que dão origem a novas plantas. Quando ocorre a reprodução sexuada, geralmente envolve a formação de esporos, células que auxiliam na dispersão da planta, compensando sua falta de mobilidade, e a partir dos quais novas plantas podem surgir. Dessa forma, ao contrário dos animais, em que um indivíduo diploide produz gametas haploides diretamente por meiose, a maioria das plantas apresenta uma alternância entre indivíduos haploides e diploides.
O indivíduo diploide, conhecido como esporófito, produz esporos por meiose, que originam indivíduos haploides, chamados gametófitos. Os gametófitos, por meio de mitoses, geram gametas que, por fertilização, resultam na formação de um zigoto e, eventualmente, em um novo indivíduo diploide. Portanto, o ciclo reprodutivo das plantas não só perpetua a espécie, mas também facilita a colonização de novos ambientes, devido à produção de esporos ou sementes.
É importante observar que, nos animais, os indivíduos são predominantemente diploides, uma vez que a meiose produz diretamente gametas. O ciclo de vida da maioria das plantas, por outro lado, envolve uma alternância entre gerações haploides e diploides e, portanto, é conhecido como ciclo haplonte-diplonte, haplodiplobionte ou de meiose espórica.